O inquilino da cave

A culpa é de quem, afinal?

Já por aqui se disse várias vezes que a culpa era do Pedro mas, no entanto, fique o leitor a saber que na maioria dos casos também pode ser da Maria. Pensando um pouco na dinâmica da culpabilidade numa casa com três pessoas aparentemente responsáveis, rapidamente concluímos que a coisa vai andar a circular sem nunca se encontrar o criminoso, ora vejamos:
- Quem é que deixou a porta do frigorífrico mal fechada?
- Não sei, não fui eu...
(automaticamente a culpa é remetida para a outra pessoa. Se esta conversa tiver acontecido com a Maria, o Pedro será o culpado, e se tiver sido com o Pedro... será a Maria a culpada, e pior, se tiverem sido eles os dois a ter esta conversa, o culpado fui eu!). Este triângulo no qual a culpa é sempre remetida para o vértice restante funcionará na perfeição enquanto não se encontrarem os três na mesma divisão a tentar perceber quem foi o engraçadinho que fez a porcaria... não é perfeito? Já estou a imaginar aqui situações em que o culpado até seja eu, mas me consiga auto-ilibar indo perguntar com um ar claramente perturbado quem foi o anormal que acabou as bolachas e não deitou fora o pacote, ou quem deixou a pasta de dentes destapada... Para a pessoa a quem eu tiver perguntado isto, eu serei tão inocente como ela... e imaginado que consigo ter esta conversa em divisões opostas da casa num curto espaço de tempo tanto com o Pedro e a Maria, cada um ficará a pensar que a culpa é do outro, quando na verdade era minha...

Finalmente vou poder deixar loiça suja no lava-loiças, espalhar migalhas no sofá, acabar o papel higiénico sem ir buscar um rolo novo, enfim... vocês também se sentiriam altamente tentados a levar uma confortável vida de irresponsabilidade permissiva, ou não?

Só podia ter sido o Ed às 13:29