06 junho 2006

Entrevista ao tipo que achava que era não-sei-o-quê

Sempre em busca de novos conteúdos, e todos com elevadíssimo interesse cultural, aqui segue uma entrevista a um tipo que achava que era não-sei-o-quê.

O Inquilino - Boa tarde, meus amigos. Encontramo-nos aqui com o tipo que achava que era não-sei-o-quê. Para os mais desatentos, falamos da pessoa que não tinha a certeza, apenas achava.
O Tipo - Boa tarde! Bem, antes de mais gostava de dizer que às vezes também tenho a certeza, mas é de coisas diferentes. De qualquer das formas, fica já a ressalva que eu não acho que sou não-sei-o-quê, mas sim acho que é não-sei-o-quê...
O I - Mas sempre achou que era não-sei-o-quê, ou já teve épocas diferentes?
O T - Quanto a isso, eu inicialmente tinha a certeza que era não-sei-o-quê, mas aqui há tempos mostraram-me que também poderia ser não-sei-que-mais, e a só a partir daí comecei a achar.
O I - ...um confronto de ideais, portanto...
O T - Não, foi mesmo o tipo que tinha a certeza que era não sei que mais, e depois disso ficámos os dois apenas a achar.
O I - Não chegaram a um consenso?
O T - Sim, achámos um consenso, daí termos passado a achar...
O I - Mas e, afinal, o que é não-sei-o-quê?
O T - Hã?
O I - Não me expliquei bem, perguntei o que era ao certo aquilo que você achava.
O T - Bom, como disse há pouco, já não tenho a certeza, apenas acho, por isso não é ao certo. De qualquer das formas, e como já todos sabem, eu acho que é não-sei-o-quê...
O I - Mas o que é isso?
O T - Se eu soubesse o que era, teria a certeza, não?
O I - Mas o que acha que é, é o quê?
O T - Mau, maria... eu acho que é não-sei-o-quê, já lhe disse há pouco!
O I - E o que é isso?
O T - Olhe, não é não-sei-que-mais, e certamente também não seria tal-e-coijo, até porque o não-sei-quantos publicou aqui há tempos um artigo onde demonstrava que de certeza que tal-e-coijo estava fora de questão.
O I - Mas também já houve tal-e-coijo?
O T - Olhe lá, por quem nos toma? Isto aqui não é um filme de cowboys, amigo...
O I - Não, não é isso, mas já houve um tal-e-coijo na história?
O T - Sim, pá. Havia um tipo que achava que era tal-e-coijo, mas acabou por ser preso quando estava a tentar fugir sem pagar depois de ter feito uma demonstração disso num bordel na Guiné.
O I - Portanto, tal-e-coijo está fora de questão...
O T - Sim, a não ser ali com aquela sua amiga... mas de qualquer das formas, eu já tinha dito isso há pouco!
O I - Já agora, disse Guiné? Em que cidade, mais propriamente?
O T - Olhe, eu já tive a certeza, mas também há um tipo que acha que o tal-e-coijo não ficou na Guiné, mas sim na Polónia.
O I - Mas isso é uma questão de gostos, ou questão geográfica mesmo? Daí vocês só acharem...
O T - Pois, mas aliás, nós não achamos que é tal-e-coijo, o tipo que achava acabou preso.
O I - Mas preso onde?
O T - Ah, foi numa prisão, certamente, mas lá dentro eles lá sabem ao que o prendem. Ele insistia em dizer que tal-e-coijo só amarrado à cama, mas eles lá têm beliches...
O I - E voltando à questão de não-sei-o-quê, em que ficamos?
O T - Qual questão?
O I - Quer explicar porque é que acha que pode ser não-sei-o-quê, e até o que é não-sei-o-quê?
O T - Quanto a o que é não sei-o-quê, não sei o que é. Mas isso também há um tipo que diz que não-sabe-o-que-é, e eu acho que é não-sei-o-quê.
O I - Mas então, não sabe o que é, senão também não diria "não-sei-o-quê"
O T - Sim, eu sei que há qualquer coisa, mas repare que eu acho que é "não-sei-o-quê", e isso é alguma coisa. O tipo que acha que não-sabe-o-que-é é que não sabe o que é.
O I - ...Relativamente à coisa em si, ou ao tipo?
O T - Pois, sabe, isto há muita gente que não sabe bem ao que anda, e esse é um deles... Às vezes damos com ele parado, de braços abertos, e quando lhe perguntamos o que é que ele tem, ele diz: - "Ah, sou uma àrvore, uma oliveira...". Felizmente já nos habituámos a algumas das posições, só há uns casos mais chatos, como por exemplo quando ele põe os braços esticados para cima, e une as mãos, nunca sabemos se é um prego, se um eucalipto...
O I - Deve ser complicado viver com uma pessoa assim...
O T - Lá está você... eu já disse que isto aqui não é um filme de cowboys... conhecemos o tipo, não vivemos com ele, ok? Vocês lá na cave é que têm uma estranha relação entre um irmão, uma irmã, e o namorado da irmã, mas isso é lá convosco!
O I - Bom, nós sabemos ao que andamos... e acredite que anda longe desses filmes. De qualquer das formas, está aqui para nos dizer porque é que acha que é não-sei-o-quê.
O T - Ai é para isso? Mas eu só acho que é não-sei-o-quê, não consigo prová-lo. A questão de ser não-sei-o-quê é muito abrangente, e pode ser muita coisa, mas tanto pode ser isto, como outra coisa qualquer...
O I - Então... afinal, ser não-sei-o-quê é uma resposta abrangente, mas pode ser outra coisa qualquer?
O T - Pois
O I - ah...

(Bom, como se compreende, esta entrevista não vai a lado nenhum, ou talvez vá a um-lado-qualquer, ou não-sei-onde... a redacção resolveu parar por aqui...)

4 Comentários:

At 6:34 da tarde, Blogger colher de chá said...

muito muito muuuuuuuuiiiiito bom! muito bommmmmm mesmo.

só não sei bem porquê... deve ser isso, ou não. é qualquer coisa do género de mais ou menos.

Muito bom, Parabéns.

 
At 7:55 da tarde, Blogger SiSupi said...

eu não-sei-o-quê, mas também acho que não-sei-que-mais, portanto, me principio e no fim também, talvez seja não-sei-onde, mas fico-me por aqui...

 
At 4:21 da tarde, Blogger PE said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
At 4:22 da tarde, Blogger PE said...

Nota-se que tens andado a estudar umas coisas... Não sabia é que o teu curso de "inginheiro" incluia expressão portuguesa escrita... ;-)

 

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